Fundador de “O Pasquim”, cartunista Jaguar morre aos 93 anos

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O cartunista Jaguar (à esq.) em foto de 2015 ao lado do humorista Marcelo Madureira Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Um dos mais importantes caturnistas do Brasil, Sérgio de Magalhães Gomes Jaguaribe foi uma das mentes por trás do jornal alternativo que virou símbolo da resistência à ditadura militar.

Morreu neste domingo (24/08) no Rio de Janeiro, aos 93 anos, o cartunista Sérgio de Magalhães Gomes Jaguaribe, o Jaguar. Ele foi um dos fundadores de O Pasquim, jornal que fez história ao azucrinar os militares durante a ditadura no Brasil (1964-1985).

Carioca nascido em 1932, Jaguar estreou como cartunista na década de 1950, aos 20 anos, com um desenho publicado na coluna de humor Penúltima Hora, do jornal carioca Última Hora. À época, era funcionário do Banco do Brasil. Em 1958, passou a publicar charges na página de humor da revista Manchete.

O pseudônimo Jaguar, com o qual ele ascendeu à fama, foi uma sugestão de Borjalo (1925-2004), colega de profissão que o antecedeu na revista Manchete e que foi um dos grandes nomes dos primórdios da TV Globo.

O traço marcante, o humor refinado e as críticas contundentes renderam a Jaguar convites para atuar em outros veículos, como as revistas SenhorCivilização BrasileiraPif-Paf Revista da Semana, além dos jornais Tribuna da Imprensa Última Hora.

Tirou sarro da ditadura

Foi durante a ditadura que Jaguar lançou um de seus personagens mais conhecidos, o ratinho Sig, mascote do jornal O Pasquim, publicação satírica criada em 1969 por ele, Millôr Fernandes, Tarso de Castro, Sérgio Cabral, Henfil, Ziraldo e Paulo Francis. Ali, além de cartunista, atuou como editor e diretor.

Os atritos recorrentes de O Pasquim com a ditadura renderam a Jaguar diversos processos e três meses na prisão – por ironizar o quadro Independência ou Morte, de Pedro Américo, retratando um dom Pedro 1º que bradava “Eu quero mocotó!!”.

O Pasquim seguiu ativo na redemocratização, mas deixou de circular em 1991.

Após o fim do Pasquim, Jaguar atuou em diversas outras publicações da imprensa nacional. Nos jornais O Dia A Notícia, publicou ilustrações, textos e crônicas. Também colaborou para os jornais Correio da Manhã Folha de S.Paulo – nesta última, publicou cartuns até julho.

Jaguar estava internado no Hospital Copa D´Or, no Rio de Janeiro, para tratar uma infecção respiratória que evoluiu para complicações renais. Em nota, o hospital confirmou a morte e disse que ele passou os últimos dias sob cuidados paliativos.

A morte do cartunista foi lamentada por colegas de caneta das novas e velhas gerações.

“Adeus ao maior. Todas as reverências ao carinhoso mestre, dono do traço mais rebelde do cartum brasileiro. Seguimos aqui com sua benção. Te amamos, querido e eterno Jaguar!”, escreveu Angeli.

“O Pasquim, como um todo, era uma espécie de Monte Olimpo, e Jaguar era um deus muito especial, acolhedor. Sempre deu uma palavra de incentivo”, disse a cartunista Laerte neste domingo à emissora GloboNews.

Com informações do Portal DW

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