Na quinta-feira, 4 de setembro de 2025, autoridades norte-americanas deflagraram uma operação de imigração sem precedentes na fábrica de baterias da Hyundai–LG em Ellabell, na Geórgia. A ação resultou na detenção de 475 pessoas, a maioria sul-coreanos, em uma das maiores investidas de fiscalização em um único local na história do Departamento de Segurança Interna dos EUA.
A operação, apelidada de “Operation Low Voltage”, foi fruto de uma investigação de meses sobre supostas contratações irregulares de subcontratados e violação de normas de visto. Agentes federais, estaduais e locais cercaram o complexo, transformando o ambiente em uma cena de alto impacto, com trabalhadores sendo alinhados, revistados, algemados e removidos para centros de custódia.
Relatos apontam cenas dramáticas: alguns tentaram fugir se escondendo em dutos de ar ou correndo para um lago de esgoto nas dependências — e teriam sido resgatados com auxílio de um barco pelos agentes. Apesar do clima tenso, autoridades informaram que o procedimento foi meticuloso, com identificação individual e liberação imediata de trabalhadores em situação regular.
Repercussão diplomática e mobilização política
O governo sul-coreano reagiu com indignação e preocupação, classificando o episódio como inoportuno, especialmente após o recente encontro entre os presidentes Lee Jae-Myung (Coreia do Sul) e Donald Trump. O Ministério das Relações Exteriores coreano exigiu respeito aos direitos dos seus cidadãos e das empresas que investem nos EUA.
O chefe de gabinete do presidente Lee, Kang Hoon-sik, anunciou ter concluído negociações com Washington para libertar os trabalhadores detidos — cerca de 300 sul-coreanos — e enviar um voo fretado para repatriação assim que os trâmites administrativos forem finalizados.
Impactos para empresas e investimentos
Após a operação, tanto a Hyundai quanto a LG Energy Solution suspenderam viagens e orientaram funcionários a retornarem ao país ou permanecer em suas acomodações nos EUA. Ambas afirmaram cooperação e reafirmaram compromisso com a conformidade legal, embora a Hyundai tenha esclarecido que nenhum dos detidos era empregado direto da empresa.
O episódio acendeu alertas sobre os riscos para futuros investimentos estrangeiros nos EUA, sobretudo em setores sensíveis como o automotivo e de alta tecnologia. A ação conflita diretamente com iniciativas do governo Trump de atrair capitais externos, inclusive cerca de US$ 350 bilhões em investimentos sul-coreanos — dos quais US$ 26 bilhões viriam da Hyundai — acordo firmado durante recente encontro bilateral