Em meio à corrida para a vacinação no Brasil, a revista Piauí divulgou, nesta quarta-feira (24/3), que um grupo de políticos e empresários, a maioria ligada ao setor de transporte de Minas Gerais, e seus familiares tomaram, nessa terça-feira (23/3), a primeira das duas doses da vacina da Pfizer contra a Covid-19, em Belo Horizonte.
As vacinas beneficiaram cerca de cinquenta pessoas e as doses foram aplicadas após uma compra por iniciativa própria, sem repassar ao Sistema Único de Saúde (SUS). Já a segunda dose está prevista para daqui a trinta dias. As duas doses custaram a cada pessoa R$ 600.
De acordo com a revista, os organizadores da vacinação foram os irmãos Rômulo e Robson Lessa, donos da viação Saritur. As doses teriam sido aplicadas dentro da garagem de uma das empresas do grupo.
Outro agraciado pela vacinação foi o ex-senador Clésio Andrade (foto em destaque), ex-presidente da Confederação Nacional do Transporte (CNT). “Estou com 69 anos, minha vacinação [pelo SUS] seria na semana que vem, eu nem precisava, mas tomei. Fui convidado, foi gratuito para mim”, informou o político.
Outro parlamentar também também teria sido vacinado, segundo a Piauí: o deputado estadual por Minas Alencar da Silveira (PDT). Ele informou que já tinha sido infectado pelo novo coronavírus e negou que tivesse participado da imunização paralela. “Não estou sabendo, não. Até gostaria, mas estou com coronavírus, nem posso”, disse.
A responsável pela aplicação da vacina foi uma enfermeira que atrasou porque estava imunizando outro grupo na Belgo Mineira, mineradora que pertencente à ArcellorMittal Aços.
Lei que autoriza a compra de vacinas
Há cerca de 20 dias, o Congresso Nacional aprovou uma lei que autoriza a compra de vacinas pela iniciativa privada, mas a obriga a doar ao SUS todas as doses até que os grupos de risco, 77,2 milhões de pessoas, de acordo com o Ministério da Saúde, tenham sido plenamente imunizados em todo o país.
As vacinas compradas pela iniciativa privada também devem ser divididas meio a meio com o SUS, numa operação fiscalizada pelo ministério. A pasta foi procurada, mas ainda não respondeu ao questionamento da reportagem.
O projeto teve tramitação a jato no Congresso e, em uma semana, foi aprovado nas duas Casas. Dias depois, o presidente Jair Bolsonaro o sancionou. Até o momento, o Brasil vacinou menos de 15 milhões de pessoas.
O projeto aprovado pelo Congresso é de autoria do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), cuja família é do ramo dos transportes em Minas Gerais.
Procurado pela reportagem, ele respondeu: “Desconheço completamente esse assunto”.
Com informações da Revista Piauí e Site Metrópoles