Via Rádio Itatiaia*
Os reflexos da eleição presidencial de 2022, que opôs Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) como principais competidores desde o primeiro turno, devem dar a tônica da disputa municipal em diversas cidades do Brasil. Uma delas é Governador Valadares, no Leste do estado, nono maior município de Minas com cerca de 215 mil eleitores.
Por um lado, o deputado federal Leonardo Monteiro se lançou como pré-candidato do Partido dos Trabalhadores no município. O parlamentar disputou as últimas eleições municipais, em 2020, e ficou em terceiro lugar, com 14,45%. O vice será Dr. Luciano (PDT), quedisputou as últimas eleições municipais pelo PSC, mas acabou derrotado pelo atual prefeito André Merlo (PSDB), de quem era vice no mandato anterior.
“Estou consciente que será uma eleição difícil e muito disputada, até porque há uma cristalização muito forte na cidade, não é diferente de outras partes de nosso estado e do Brasil. Queremos reforçar a argumentação de que, neste momento, o que está em disputa é a cidade de Governador Valadares. Mas teremos uma chapa de mudança: Leonardo Monteiro e Dr. Luciano”, afirmou Monteiro à reportagem.
Em 2022, Monteiro foi o terceiro deputado federal mais bem votado na cidade, com 14.297 votos — majoritário entre os partidos de esquerda. Ele ficou atrás de Hercílio Coelho Diniz (MDB), com mais de 33 mil votos e Nikolas Ferreira (PL), o mais votado do país e que contou com apoio de 25.449 eleitores valadarenses.
Direita tem nomes postos, mas tenta construir chapa única
À direita, ao menos três pré-candidatos já se colocaram como nomes viáveis para a disputa em Governador Valadares, mas falam em unificar os postulantes em torno de uma única candidatura para polarizar com Leonardo Monteiro.
Um deles é o deputado estadual Enes Cândido (Republicanos), o parlamentar que obteve mais votos à Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), em 2022, na cidade onde vive. Foram 33.707, votação semelhante à de Coelho Diniz, com quem fez dobradinha no município.
Segundo Cândido, entre nove e dez partidos já manifestaram interesse em estar em uma chapa encabeçada por ele.
“O principal objetivo é viabilizar uma candidatura sólida à direita em Valadares. Ou seja, um grupo político que vai aglutinar, através do meu nome, toda a direita na cidade. Faço parte de um grupo político já consolidado e as tratativas para a eleição estão na mesa com nove ou 10 partidos. Então, é tentar fazer com que a direita fique toda junta”, afirmou.
O deputado estadual citou nomes de peso, como o senador Cleitinho (Republicanos), o deputado federal Euclydes Petersen, presidente estadual do seu partido, e mesmo o de seu colega de Assembleia, deputado estadual Coronel Sandro (PL), que também diz ser pré-candidato no município — mas que cogita abrir mão do nome para que um único candidato da direita seja lançado para concorrer contra o PT.
“Eu sou pré-candidato pelo PL, dentro da nossa estratégia partidária de ter maior número possível de candidatos em todo o Brasil e nas maiores cidades, como é o caso de Governador Valadares. Meu grande desejo é combater o candidato de esquerda e evitar que ele seja eleito. Se for necessário e, assim, as coisas se conduzirem, eu abrirei mão de minha candidatura para unir-me em torno de um nome de centro-direita que possa vencer as eleições”, confessa.
Ainda no campo da direita, outro nome que está colocado, por enquanto, na pré-campanha é o do vereador Jamir Calili (PP), presidente do Progressistas no município. Candidato pelo Podemos nas últimas eleições municipais, em 2020, ele foi o segundo mais votado no município, com 2.288 votos, ficando atrás apenas de Enes Cândido — que ficou apenas dois anos no cargo e deixou a Câmara Municipal após ter sido eleito para ocupar uma cadeira na ALMG.
Rompido com o prefeito, o vice David Barroso (PP), também tem colocado seu nome como pré-candidato na disputa e busca atrair o PMN (hoje, Mobiliza) para uma eventual chapa encabeçada por ele. No entanto, os empresário Gedeon Gentil, que foi candidato a deputado estadual em 2022, e Robson Natal, ambos do PMN, também se colocam como postulantes. O partido avalia a possibilidade lançar uma chapa puro-sangue ou decidir pelo nome mais competitivo.
“Entendo que o momento agora é de fazer um trabalho de união, de construção, para que a gente possa ampliar esse grupo, nessa candidatura independente, não só do David, mas de outros partidos que estão vindo conosco”, disse o vice-prefeito.
Outra figura de destaque na região é o atual prefeito André Merlo (União). Reeleito em 2020, ele terminará seu mandato em dezembro deste ano e não poderá se candidatar mais uma vez. No entanto, o Merlo ainda não se manifestou, publicamente, se irá lançar um pré-candidato apoiado por ele. A tendência é que ele também apoie o candidato que vingar no espectro da direita.