Um convite ao improvável

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É muito provável que uma boa parte das pessoas não imaginem o que é vestir a Farda da Polícia Militar e realizar uma incursão nas chamadas Comunidades, especialmente lá pelas plagas da cidade do Rio de Janeiro.

Pouco provável também que avaliem como é ser um alvo imutável de poderosas e precisas armas, operadas por atiradores experimentados, treinados e impiedosos, tendo a certeza de que um impacto dos projeteis daquelas armas é fatal em cerca de 80% do seu corpo.

É provável, no entanto, que essas pessoas exijam respostas por parte da Polícia Militar ao crescente ciclo de violência que assola o país há cerca de 30 anos, dando ao Brasil status de país em conflito armado.

Não é raro, em tempo pretérito e presente que pessoas autoproclamadas notáveis nos brindem com pérolas como a de que a ação da Polícia deve ser inteligente, frase feita, que já se tornou jargão daqueles que, de forma demagoga, sem um mínimo de conhecimento de causa, se utilizam para desmerecer ou mesmo desmoralizar o trabalho policial.

Curioso, por extensão, é constatar que essas mesmas pessoas nem sequer sabem, de fato, o que é a Inteligência Policial, pois, se algo soubessem, certamente conheciam o fato de que o combate ao crime organizado no Brasil já é, há muito, considerado guerrilha urbana e que os Governos, na mesma proporção, tem ciência disso.

Sabedores, os Governos são fracos ou omissos, não muito diferente dos notáveis. Portanto, é bem provável que aquelas pessoas notáveis ignoram, por maldade ou por inocência, que o inimigo, hostil, se mistura à população ordeira, utilizando-a como escudo humano, sem nenhum compromisso com a Lei ou com a ordem.

O recente episódio em que foi vítima a menina Agatha, de consequências lastimáveis e deprimentes dão conta do desastre pelo qual está submetido o país nas últimas décadas em virtude de uma guerra de guerrilha na qual as forças legalistas vem sendo derrotadas a cada dia, sob o olhar passivo e subserviente de governos.

Tal qual o Anjinho Agatha, os Anjinhos Rhuan e João Hélio foram vítimas das circunstâncias a que a inércia e a inconsequência de governantes e de todos que recheiam o poder nos submeteram com sua ganância e sua sede de poder sem limites.

Lado outro, as Forças Regulares vêm sendo massacradas impiedosamente pelo poder econômico mantido, muitas vezes, por atividades ilegais ou mesmo criminosas. Entregar a vida por outrem não é tarefa fácil. Exige abnegação, dedicação e acima de tudo, amor ao próximo.

Envergar uma Farda da Polícia Militar na atualidade se tornou missão suicida, sem remuneração justa, sem sustentação legal e sem reconhecimento.

Não é crível, portanto, que o lado da legalidade não seja analisado e avaliado com critérios técnicos, sem paixões ideológicas e sem o viés econômico que o sensacionalismo propicia. Desde os anos 60 a elite, dos chamados intelectuais, insiste em ocultar a guerra entre a ilegalidade e a legalidade ocorrente no Brasil. Uma guerra desproporcional, travada com crueldade e com finalidades convergentes onde os marginais são idolatrados em detrimento daqueles que sacrificam a própria vida em defesa da ordem Constitucional, necessariamente causará estragos irreparáveis, os efeitos colaterais serão inexoravelmente sentidos por toda a população, notadamente enquanto gerarem votos.

O pior dos flagelos da humanidade é vivido no nosso país diuturnamente sem que nos apercebamos disso. Vidas são ceifadas bruscamente e nossa sociedade já as considera normal somente vindo a se ruborizar quando podem, oportunamente, atribuí-la à Polícia.

Combater dentro da legalidade um inimigo dissimulado, vil, covarde e destemido, que pouco se importa com as consequências de seus atos é muito mais que uma missão, é uma questão de vida ou morte. Proteger uma sociedade que a cada dia demonstra repúdio inconsequente e sensacionalista, muitas vezes surreal, vem se tornando missão inglória da Polícia.

É bem provável, pois, que a guerra já esteja perdida, sobretudo enquanto durar a inquisição daqueles que se doam pela vida plena, que não são infalíveis nem tão pouco superdotados muito menos detém a onipotência a onipresença e a onisciência.

Bem vindos ao improvável.

Paz e Luz.

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