O talude na cava da Mina de Gongo Soco que está prestes a desabar tem 10 milhões de metros cúbicos ou 20 milhões de toneladas, o que daria para encher 606 mil carretas de dois eixos com capacidade para transportar 33 toneladas cada uma. Ainda para efeito de comparação, toda a produção de minério de Itabira em 2018 foi de 41,7 milhões toneladas, ou seja, o talude equivale à metade do que foi produzido no município no ano passado.
A declaração foi dada por Guilherme Santana Lopes Gomes, coordenador substituto da Agência Nacional de Mineração (ANM), após reunião com representantes da CPI de Brumadinho no Senado e o prefeito de Barão de Cocais, Décio Santos, na manhã de ontem, quinta-feira(23).
Modelo de carreta 2 eixos, que pode transportar até 33 toneladas
No último dia 14 de maio, a mineradora Vale informou que o talude na cava da mina, em Barão de Cocais, estava se deslocando e que o seu desprendimento iria ocorrer nos próximos dias. Inicialmente, estimou a data entre os dias 19 e 25. Depois, reavaliou que a queda aconteceria entre os dias 22 e 25. Este prazo termina amanhã, sábado.
O deslizamento do talude aumentou ainda mais o clima de tensão em Barão de Cocais, onde, desde o dia 22 de março, o risco de rompimento da barragem Sul Superior da Mina de Gongo Soco está em alerta máximo – nível 3. O temor é que o desprendimento do talude na cava da mina, localizada a 1,5 km da barragem, cause uma vibração suficiente para provocar o rompimento da barragem.
A mineradora Vale tenta construir uma barreira emergencial com telas e pedras para, em caso de rompimento, consiga conter a velocidade da lama de rejeitos e desviar alguma parte para a área rural. A empresa, no entanto, apresentou um estudo com o rompimento ocorrendo em um cenário crítico: um dia chuvoso e com toda a lama escoando da barragem. Nesta previsão, 10 mil pessoas de Barão de Cocais, Santa Bárbara e São Gonçalo seriam afetadas pela enxurrada de lama.