A prisão do presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, é mais um capítulo na divisão interna da bancada do partido na Câmara dos Deputados. Parlamentares ouvidos pela CNN calculam que pelo menos cinco dos dez que atualmente estão na legenda irão sair na próxima janela partidária no ano que vem.
Os que não pretendem permanecer afirmam que a prisão de Jefferson, determinada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, já era esperada e está inserida no contexto do que chamam de “guinada conservadora e antidemocrática” do ex-deputado federal. Os que permanecerão na legenda avaliam que parlamentares mais identificados com a nova pauta do PTB irão se unir à legenda a partir de março de 2022.
“A prisão está baseada numa denúncia vazia, sem nenhum tipo de prova, em virtude de sua opinião”, avaliou o deputado Paulo Bengston, do PTB do Pará. Para ele, Jefferson operou uma “mudança ideológica”no partido e, assim, é natural que quem não se sinta representado pela legenda busque outro partido na próxima janela. “Creio que o PTB vai acabar ficando maior, mesmo com a saída de cinco deputados. Outros se interessaram em vir para legenda”, afirmou. “O Roberto Jefferson pode ter até exagerado em algumas críticas, mas não chega aos pés do autoritarismo e dos atos antidemocráticos do STF”, endossou Marcelo Moraes, do PTB do Rio Grande do Sul.
Um dos que está prestes a desembarcar do PTB, o deputado Pedro Bezerra, do Ceará afirmou à CNN que foi retirado da presidência do diretório estadual do partido por Jefferson. “Ele me fez passar por vários constrangimentos. Mudou o regimento e as cores do partido, transformou o PTB numa legenda radical. Não tínhamos essa linha conservadora”, afirmou o político.
Quem puxa a fila de saída do PTB é a deputada Luísa Canziani, que apresentou pedido de desfiliação da legenda ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em julho deste ano. Ela alega ter sido alvo de manifestações caluniosas e de difamação por parte do partido.