Israel x Irã: petróleo dispara e preços de combustíveis no Brasil podem subir nos próximos dias

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Foto: Bruno Santos/ Folhapress

Cotação do barril de petróleo nas bolsas internacionais chegou a subir 10% após ataques israelenses

A cotação do barril de petróleo disparou nas bolsas internacionais após os ataques de Israel ao Irã desde a noite dessa quinta-feira (12). A valorização, inclusive, pode impactar o preço dos combustíveis no Brasil, já que parte do mercado nacional é abastecido por refinarias particulares que importam derivados de petróleo. Neste caso, o valor de venda da gasolina e do diesel, por exemplo, segue cifras internacionais.

O barril petróleo bruto WTI, de referência nos Estados Unidos, subiu em torno de 8,33%, para US$ 74,05. Já o petróleo tipo Brent, padrão internacional, valorizou 8,77%, para US$ 75,44 o barril. Durante a madrugada, o preço chegou a subir mais de 10%. Atualmente, cerca de 30% do mercado brasileiro de diesel é de responsabilidade de agentes particulares.

No caso da gasolina, o percentual cai a 10%. O presidente da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), Sérgio Araújo, disse que a variação observada na cotação do barril de petróleo é natural em períodos de tensões entre países. Em março de 2022, semanas após o início da guerra entre Rússia e Ucrânia teve início, o preço do petróleo do tipo Brent, referência para os mercados europeu e asiático, chegou a subir mais de 20%, e gerou impactos à economia brasileira.

“É natural que o mercado tenha uma reação rápida, uma vez que no Irã, além de ser um grande produtor de petróleo, a movimentação naquela região é muito intensa. Por ora, ainda é especulativo. Precisamos aguardar uma estabilização. Não acredito que esse salto tão grande (na cotação) vai ser mantido”, disse Araújo.

Segundo ele, os importadores vão observar se a variação observada será mantida nos próximos dias. “Caso sim, os importadores fazem essa variação naturalmente, como deve ser feito, quando tem alguma variação na commodity. Mantida essa situação, as refinarias privadas devem, já na semana que vem, lá para quarta-feira, ajustar seus preços”, projetou.

De início, o impacto deverá recair mais nas regiões Norte e Nordeste, onde os preços são mais sensíveis às variações internacionais, em função de uma atuação maior de agentes particulares. “O principal agente do nosso mercado, que é a Petrobras, tem uma inércia maior, porque tem um impacto inflacionário, tem necessidade de ouvir o principal acionista, que é o governo, antes de qualquer decisão”, complementou.

Petrobras pode ‘segurar’ aumento

O sócio-fundador da Raion Consultoria, Eduardo Melo, reforçou a predominância da Petrobras no mercado nacional de combustíveis, como um agente capaz de atrasar o repasse de preços nas bombas dos postos aos motoristas no país. “De certa forma, ela já utiliza na sua política de preços um mecanismo de amortecimento dessas volatilidades, desses períodos de maior estresse. Então, talvez para a maior parte do fornecimento que acontece hoje no Brasil, dificilmente em um curtíssimo prazo vamos ter um repasse direto nos preços das bombas”, salientou.

Melo disse que a Petrobras tem o costume de adotar cautela antes de qualquer decisão. “Ela adota essa postura de esperar o mercado se acalmar, ou ditar, realmente, o patamar de preço, se realmente isso que está acontecendo vai trazer alguma mudança estrutural em termos de mercado para que só assim faça algum movimento”, ilustrou Eduardo, que também acredita em consequências mais rápidas ao mercado de refinarias particulares.

“Essas empresas têm que recorrer ao mercado internacional já no curtíssimo prazo e eles têm que comprar o produto e esse produto já vai estar mais caro. Então, hoje, a partir dessa mudança de cenário que a gente está vivendo agora, o produto lá fora já está mais caro do que o produto aqui no Brasil e isso pode sim já ter o impacto nas bombas nos próximos dias”, sublinhou.

Futuro do mercado 

Tanto Eduardo Melo, quanto Sérgio Araújo, da Abicom, afirmaram que a evolução dos preços dos combustíveis vai depender diretamente da resposta militar que o Irã dará a Israel. “Se entrar em uma espiral de um conflito, uma situação muito crítica, aí a conversa é outra”, cravou Melo. A principal preocupação se dá com o Estreito de Ormuz, trecho que conecta o Golfo Pérsico com o Golfo de Omã, e por onde passa cerca de 20% do comércio global de petróleo.

“Se houver um bloqueio, por exemplo, eu acho que podemos ter um impacto muito maior, com esse conflito passando a ter uma abrangência ampliada, e não mais restrita ali entre Israel e Irã. É um fato que hoje ainda tem muita incerteza, porque o mercado hoje opera num índice muito alto de volatilidade e nos momentos de volatilidade, eu acho que precisamos ser cautelosos”, acrescentou Eduardo Melo.

Sérgio Araújo, da Abicom, reforçou o posicionamento e rechaçou qualquer necessidade de corrida aos postos para abastecer os veículos. “Não vejo um desespero nesse sentido”, finalizou.

Com informações do Portal O Tempo

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