O Cruzeiro viverá em 2022 o terceiro ano consecutivo de seu calvário na Série B do Brasileiro. No primeiro, em 2020, terminou em 11º, com 49 pontos. No segundo, em 2021, também aparece em 11º, com 46, podendo chegar a 52 nas duas rodadas finais. O ídolo Fábio não ficou em cima do muro ao comentar o que é necessário para escrever uma história diferente na próxima temporada. Ele concordou com o técnico Vanderlei Luxemburgo quanto à necessidade de montar um elenco de Série A na Segunda Divisão. De acordo com o goleiro, o clube “não tem mais onde errar”.
“Meu pensamento sempre foi esse, de fazer equipes fortes, de qualidade, porque sei como é vestir a camisa do Cruzeiro. Todo ano você tem uma responsabilidade gigantesca, e a gente precisa ter jogadores que entendam essa responsabilidade. A gente não tem mais onde errar. Aprendemos da pior forma possível nesses dois anos, tendo dificuldades de nos manter na Série B. Em momento algum conseguimos chegar próximos porque tivemos vários problemas tanto em 2020 quanto em 2021, então a gente aprendeu da pior forma possível, e em 2022 não pode ser dessa forma”.
Para Fábio, a dificuldade em 2022 tende a ser maior que em 2021 em razão da tradição das equipes que provavelmente cairão da Série A. Até o momento, a Chapecoense, lanterna com 15 pontos, é a única rebaixada. O Sport, penúltimo com 30, tem 99,46% de probabilidade de queda, conforme o Departamento de Matemática da UFMG. O Grêmio, 18º, com 32, contabiliza 93,5%. A quarta vaga está aberta, sendo os principais candidatos o Juventude (29,3%), o Bahia (26,7%) e o Atlético-GO (18,3%).
“Já demonstrei minha opinião a todos: tanto dentro do Cruzeiro quanto nas entrevistas. Temos que fazer uma equipe forte, este ano será mais difícil, ainda não temos ciência de quem vai cair para a Série B, já está difícil quem permaneceu na B em 2021 e tenho certeza que vai ficar mais difícil com a queda das outras equipes que vêm agora. Precisamos estar mais preparados, mais focados, não errar como erramos nessa situação em dois anos, temos que dar a resposta dentro de campo com bom futebol, um grupo qualificado para passar confiança ao nosso torcedor desde o início de temporada”.
Caso queira formar um elenco forte, o Cruzeiro precisa primeiramente se livrar do transfer ban imposto pela Fifa que impede o registro de reforços. A dívida calculada em torno de R$14 milhões corresponde a valores das compras dos direitos econômicos de Arrascaeta, ao Defensor do Uruguai, e Riascos, ao Monarcas Morelia do México (atual Mazatlán FC). As negociações foram fechadas na gestão do ex-presidente Gilvan de Pinho Tavares, em 2015.
Sem perspectivas de grandes receitas até o fim de 2021 e com uma dívida na casa de R$1 bilhão, o Cruzeiro aposta na criação da Sociedade Anônima do Futebol para captar recursos de investidores e aplicar na formação de um time competitivo. Vanderlei Luxemburgo condicionou a renovação contratual a um projeto que viabilize a manutenção de salários em dia, a revelação de jovens jogadores e a contratação de atletas de Série A.