Cruzeiro x investidores: Dedé ‘vale’ R$ 330 milhões e justiça decidirá imbróglio

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No último 30 de junho, Dedé e o Cruzeiro homologaram acordo na Justiça do Trabalho — Foto: Vinnicius Silva/Cruzeiro

Terminou nessa quinta-feira (12), o prazo para que o Cruzeiro quitasse a dívida de R$ 330 milhões cobrada por um grupo de empresários que aportou recursos para a contratação do zagueiro Dedé, em 2013. O Grupo DIS, a GT Sports e os empresários Marcos Vinícius Secundino e Giscard Salton notificaram extrajudicialmente a Raposa no último 5 de agosto, pleiteando a quitação do montante em até cinco dias úteis.

Como a solicitação não foi atendida, o grupo recorreu à justiça. O SuperFC apurou que o Cruzeiro ainda não foi notificado sobre o processo. “Isso (notificação) demora. Um mês, no mínimo”, informou uma fonte ligada ao clube. Além disso, a demanda vai correr em segredo de justiça e só as partes e advogados cadastrados terão acesso ao teor da reclamação. O clube estrelado, por intermédio de Flávio Boson, diretor jurídico, informou que só vai se posicionar nos autos.

Filipe Robles Ribeiro, um dos advogados que representa o grupo na ação, confirmou a judicialização da demanda a partir desta sexta-feira (13). “Sobre o valor, não vou fazer comentários porque essa ação tramita em segredo de justiça. O que posso dizer é que, sim, foi distribuída. É uma ação que busca a reparação com base no instrumento firmado entre as partes em 2013, que prevê obrigações e sanções no caso de falta de cumprimento de alguma dessas cláusulas”, informa o advogado.

Filipe Robles acrescenta que a notificação extrajudicial, segundo ele, foi feita com o intuito de resolver a situação sem a necessidade do ingresso de ação. “O Cruzeiro confirmou o recebimento, mas, depois, não nos procurou mais. Findado o prazo estipulado nesse documento, sem nenhum tipo de resposta, acabamos por fazer o ingresso da ação”, alega.

Entenda

O imbróglio surgiu com base em uma cláusula contratual sacramentada quando Dedé chegou à Toca II, contratado junto ao Vasco. Na oportunidade, o grupo investidor aportou cerca de R$ 7,7 milhões para reforçar o Cruzeiro. De acordo com o vínculo firmado em 19 de abril de 2013, em caso de rescisão contratual do defensor, a Raposa teria de desembolsar o valor referente à indenização em caso de saída.

Filipe Robles contesta os números da contratação. “Não. O valor correto ultrapassa R$ 18 milhões”, retifica.

O valor da multa cobrado atualmente nos tribunais foi estipulado com base na remuneração registrada na renovação de contrato do zagueiro, em 22 de agosto de 2018. Na ocasião, Dedé tinha acordo em vigor até 31 de dezembro de 2019. Contudo, o Cruzeiro ofereceu a prorrogação até 31 de dezembro de 2021. Na alteração, o salário saltou de R$ 372 mil para R$ 420 mil, com cláusula rescisória de R$ 330 milhões, em caso de transferência nacional ou internacional. É o valor que está sendo cobrado agora pelo grupo investidor.

No contrato assinado entre o Cruzeiro, representado na ocasião pelo ex-diretor de futebol Alexandre Mattos, e a empresa D.I.S Esportes e Organização de Eventos LTDA, na pessoa de Delcir Sonda, ficou estabelecido que o clube do Barro Preto assumiria a multa de R$ 330 milhões caso optasse pela rescisão contratual antecipada, sem a anuência do grupo, exceto por justa causa, e caso o jogador obtivesse judicialmente a rescisão indireta contratual.

No último 30 de junho, Dedé e o Cruzeiro homologaram acordo na Justiça do Trabalho. No termo, ficou acordado que o clube pagará R$ 16,6 milhões da seguinte forma:

“O pagamento será realizado em 60 (sessenta) parcelas iguais, mensais e sucessivas, no valor de R$ 276.666,66 cada, vencida a primeira no dia 15 de janeiro de 2022, e as demais nos mesmos dias dos meses subsequentes”.

Após ficar livre do contrato com a Raposa, o defensor segue treinando por conta própria à espera de acerto com outro time.

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