Um brasileiro assumiu a identidade de um cidadão americano morto e conseguiu enganar as autoridades para que lhe emitissem um passaporte de forma fraudulenta. Com isso, ele se tornou comissário de bordo da United Airlines, contornando as regras normais de segurança de imigração de de aeroportos, alegam os promotores.
Ricardo Cesar Guedes era conhecido como Willian Ericson Ladd, que ele encurtou para Eric Ladd por 23 anos, depois de convencer um agente de passaportes a lhe emitir um documento americano em nome de um menino que morrera quase duas décadas antes, reportou o Houston Chronicle.
Ricardo era, na verdade, um brasileiro nascido em São Paulo em 1972 e que não tinha o direito legal de viver ou trabalhar nos Estados Unidos, segundo investigadores do Serviço de Segurança Diplomática.
Ele assumiu a identidade de um menino que nasceu em Atlanta dois anos após seu próprio nascimento, em 1974. William Ladd morreu com apenas quatro anos em um acidente de carro no estado de Washington. A mãe de William soube do engano pela primeira vez quando os investigadores a visitaram em julho de 2021.
Os investigadores rastrearam a identidade de Ricardo até o Brasil, onde puderam comparar as impressões digitais que ele apresentou para seus documentos de identidade brasileiros na década de 1990 com as que ele forneceu à United Airlines em nome de Eric Ladd. A equipe técnica da Alfândega e Proteção de Fronteiras comparou os dois conjuntos de impressões digitais e determinou que eram iguais.
Ricardo conseguiu obter documentos de passaporte em seis outras ocasiões e até apoiou um pedido de residência para seu companheiro usando sua identidade falsa. No entanto, em seu último pedido de renovação do passaporte, em dezembro de 2020, os oficiais de prevenção de fraude do Departamento de Estado identificaram “vários indicadores de fraude” e ordenaram uma investigação criminal.
Ele enfrenta acusações de falsificação de identidade de cidadão americano, declaração falsa em um pedido de passaporte e entrada fraudulenta em área segura de aeroporto. A última acusação foi feita porque os privilégios de Ricardo como comissário de bordo dos EUA permitiam que ele contornasse a maioria das verificações de segurança da TSA com seu status de ‘membro de tripulação’.
Agentes federais finalmente prenderam Ricardo depois de esperar por ele no Aeroporto Intercontinental George Bush, em Houston. Depois de assistir Ricardo passar pela área segura do aeroporto, os agentes o observaram a bordo de um voo enquanto segurava um iPhone que dizia ‘iPhone de Eric’ na tela de bloqueio, antes de prendê-lo.
Em nota, a United disse que Ricardo não era mais empregado da companhia aérea. “A United tem um processo de verificação completo para novos funcionários que está em conformidade com os requisitos legais federais”, explicou um comunicado da transportadora.
O caso segue no Tribunal Distrital dos EUA para o Distrito Sul do Texas, em Houston. Número do caso: 4: 21-cr-00517-1