Em ação, Cruzeiro acusa Itair de ter empresa para “desviar e ter vantagem ilícita” do clube

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Itair Machado; Cruzeiro — Foto: Vinnicius Silva

Na ação que move contra o ex-presidente Wagner Pires de Sá e o ex-vice de futebol Itair Machado, o Cruzeiro acusa Itair de ter criado a empresa IMM Assessoria – que teve o nome modificado para Futgestão em julho do ano passado – como forma de “desviar e perceber vantagem financeira ilícita” da Raposa. O pedido de bloqueio das contas dos dois dirigentes aguarda decisão da Justiça.

Na argumentação do clube mineiro, o contrato celebrado entre Cruzeiro e IMM foi um meio para “mascarar uma fraudulenta tentativa de remuneração indevida do Réu Itair Machado”.

Remuneração indevida por três motivos, basicamente, segundo o clube mineiro: primeiro pelo fato de a Raposa ser considerada entidade associativa de utilidade pública (desde 1968, após lei estadual sancionada pelo ex-governador Israel Pinheiro). Segundo destaca a lei, “os cargos (das entidades de utilidade pública) de sua direção não são remunerados”.

O segundo motivo é que o Cruzeiro informa que os “os vice-presidentes não percebem remuneração pelo exercício do cargo”. À petição, o Cruzeiro anexou uma declaração de que outros vice-presidentes de futebol não foram remunerados (confira na imagem abaixo). Na conclusão do Cruzeiro, a criação da empresa de Itair era:

“um meio para que se não percebesse a incidência das regras de ordem pública e sugerir a incidência das regras de direito dispositivo, perseguindo os agentes da violação indireta da lei a terceirização das atribuições estatutárias do vice-presidente de futebol e, via de consequência, a criação de remuneração por uma atividade que não poderia ser remunerada”.
Em terceiro, o Cruzeiro argumenta que a Lei de Responsabilidade Fiscal do Esporte proíbe a celebração de contrato entre clube e empresas que tenham como sócios dirigentes da própria. Por isso, o clube considera que o contrato entre agora a Futgestão e Cruzeiro seja nulo.

O que Itair argumenta?
Itair Machado, que foi dirigente do Cruzeiro até outubro do ano passado, se pronunciou em nota na última sexta-feira sobre a ação na Justiça e os argumentos utilizados pelo clube para tentar o bloqueio de suas contas. O ex-vice-presidente de futebol questionou o porquê de o clube não ter acionado outros ex-vice-presidentes da gestão Wagner Pires, como o vice-presidente executivo financeiro, o vice- presidente executivo comercial e de marketing e o vice-presidente executivo jurídico.

– O Estatuto do Clube não proíbe remunerar pelos serviços prestados, declarados e com os impostos já recolhidos, não se trata de Vices Presidentes eleitos em assembleia. Causa estranheza o fato de não terem ingressado com os mesmos pedidos em desfavor dos demais Vices Presidentes Executivos, que foram remunerados e nomeados no mesmo período descrito nessa ação temerária e pessoal. No mais, continuo à disposição para quaisquer esclarecimentos.

Mudança do nome da empresa
Ainda como dirigente do Cruzeiro e após a revelação de possíveis irregularidades na gestão de Wagner Pires de Sá, Itair Machado teve de mudar o nome da empresa em julho do ano passado.

A de Itair – a IMM Assessoria e Consultoria Esportiva Ltda, que também tem como sócia a esposa de Itair, Marina de Sousa Visacro Machado – foi notificada por empresas que possuem sigla idêntica – a IMM Esporte e Entretenimento Ltda, IMM Holding Ltda, IMM Modas Ltda, entre outras – sobre registro da marca no INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial). Por isso, a empresa do então vice-presidente de futebol passou a se chamar Futgestão Assessoria e Consultoria Esportiva Ltda.

Pagamentos a Itair
Segundo tabela anexada à petição, o Cruzeiro informou que foram feitos pagamentos líquidos que totalizaram R$ 4.928.947,62 à empresa de Itair. O ex-vice de futebol também recebeu R$1.932.295,44 a título de premiações do clube mineiro. Mais R$ 66.449,07 foram retidos dos pagamentos de Itair por causa de uma condenação na Justiça do Trabalho.

Contas cruzeirenses
Para mostrar a grave financeira vivida pelo Cruzeiro, o Cruzeiro ainda anexou, ao processo, extratos bancários e levantamento realizado pela auditoria Moore das contas cruzeirenses. Em 13 contas do clube apresentadas, elas entre diversos bancos, apenas seis possuíam saldo positivo até o final de março. Somados os saldos, o débito bancário cruzeirense chegava a R$ 3.343.892,28.

Nos extratos bancários, o clube ainda mostrou que vem sofrendo uma séria de derrotas na Justiça, que vem promovendo o bloqueio de valores dentro das suas contas. Só do volante Charles, por exemplo, foram colocados em penhora parcial 22 bloqueios de contas do Cruzeiro, que ultrapassaram os R$ 280 mil. Por causa da situação financeira, o clube, em um dos seus pedidos na petição inicial, requisitou os benefícios da justiça gratuita.

fonte GE

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