A República Imperial do Brasil

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Foto: divulgação internet.
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15 de novembro de 1889, uma data que provavelmente não é digna de comemoração. Um golpe traiçoeiro  deu cabo a uma Monarquia Constitucional progressista e depôs um Imperador visionário, inteligente e patriota, amado pelo seu povo.

Um acontecimento que chocou até mesmo os mais ferrenhos republicanos da época, os norte americanos, já que não existia nenhum fato ou crise que justificasse o golpe que nem mesmo fora planejado.

Nasceu aí a República dos Estados Unidos do Brasil, sem eira nem beira, talvez  de forma prematura e, certamente, sem respaldo popular, qualquer semelhança aos dias atuais é mera coincidência.

De lá pra cá, trôpega, confusa, desnorteada e oscilante a República vem flertando com modelos que a distanciasse do modelo capitalista e progressista que caracterizava o Império,  mas sem perder o foco na já propagada democracia.

Entre idas e vindas, enamorou-se com ditadura, socialismo/comunismo, Regime Militar, eleições diretas e indiretas, presidencialismo e até mesmo, por pequeno momento, o parlamentarismo sem que definitivamente se estabelecesse de forma contundente. A História confirma.

A grosso modo, atrevo-me a delinear alguns tópicos, e o farei sem paixão, apenas com observação comparativa, certamente ausente também qualquer pretensão de ser o dono da verdade, são apenas observações ou mesmo curiosidades. Não sou nem pretendo ser um historiador.

Basta uma breve e despretensiosa visão para identificarmos a gênese monárquica/imperial que ainda rege a cultura, os costumes e até mesmo a política nacional e aqui convido a uma análise de alguns poucos tópicos como exemplos, a conclusão, como não poderia deixar de ser, fica para cada um.

A hereditariedade e a vitaliciedade, marca registrada dos regimes monárquicos, tão “demonizadas” pelos republicanos e que foi a “gota d´água” para a deposição do Império ainda está presente em nossas vidas, numa versão republicana, é verdade,  mas está aqui.

A figura benevolente, magnânima e até paternal exigida a um monarca ainda é esperada dos Presidentes da República independentemente da forma em que chegaram ao poder. A luta desenfreada pela manutenção no poder, com exércitos de correligionários é uma constante, logo, presentes a hereditariedade e a vitaliciedade. A alternância é inadmissível.

Ainda esperamos atitudes intervencionistas, moderadoras e até paternais dos nossos dirigentes, desde problemas conjugais até problemas econômicos. Atitudes definitivamente imperiais.

A Carta Constitucional vigente, cópia atualizada e personalizada da Carta de 1967, que é cópia da cópia da cópia, por sua amplitude e capilaridade define a intervenção do Estado em todas as variáveis da vida dos cidadãos, característica nua e crua da Constituição Imperial de 1824, elaborada para súditos. Em que pese todo o esforço do Imperador deposto em conceder a todos a Carta de Alforria.

Governantes residem em Palácios…

A Justiça do Trabalho que distingue, com resquícios de crueldade, as classes de empregadores e empregados, estabelecendo regras draconianas e obsoletas, nos remete invariavelmente ao período imperial, notadamente antes de 1888.

Tal qual ocorreu no final do século XlX e início do século XX, a notícia da Proclamação da República parecer não ter chegado aos profundos rincões do país. A imagem paternal do Estado ainda é material, enraizada e chancelada, como no Império. Desta feita, entretanto, com maquiagem e com nova roupagem.

A Independência do Brasil não representou a Independência dos Brasileiros. Ainda buscamos guarida das nossas ações na benevolência  do Estado, como um adolescente que deixa a casa dos pais em busca da liberdade, quando dá errado, à casa retorna em busca de um culpado.

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